Neste mês de setembro, juntamente com
meu marido e uma de nossas filhas, tivemos a oportunidade de
conhecer Lisboa. Permanecemos lá por uma semana e, longe
de pretender fazer uma análise da cidade, quero apenas
colocar aqui, algumas impressões sobre a mesma.
É uma cidade de tradição católica,
com muitas igrejas antigas, bonitas e muito semelhantes às
nossas, da região de Minas histórica. Santo Antônio
é o mais popular dos santos, mas há outros, como São
Sebastião, que são bastante reverenciados. Os
vultos históricos são muito respeitados e
homenageados com monumentos e nomes de parques, ruas e praças
e, como a história do Brasil teve um longo período
ligada a de Portugal, é comum a gente encontrar "velhos
conhecidos" de nossa história por lá. Há
monumentos a Pedro Álvares Cabral, Marques do Pombal,
Vasco da Gama, D. Pedro, que também foi nosso imperador e
outros tantos que nos fazem mergulhar um pouco na nossa história
e sentir a sensação de que, de certo modo, estamos
num prolongamento de nosso país.
Fazendo um "tour" pela cidade, ouvimos os guias
pronunciarem nomes de reis e rainhas, que conhecemos muito bem
como os Joãos, os Pedros, os Josés, as Marias, as
Amélias. Lisboa é uma cidade bonita onde
convive o antigo e o moderno e é especialmente, na
arquitetura e nos meios de transporte, que mais se observa este
contraste. Edifícios centenários, alguns
preservados, outros nem tanto, com belas construções
atuais. Os azulejos, apesar do tempo, parecem continuar sendo
uma paixão dos portugueses, que fazem questão de
colocá-los ou imitá-los em muitos dos atuais prédios.
O moderno metrô convive com os velhos bondes e trens, que
se movimentam pela cidade, conduzindo moradores e turistas.
É impressionante visitar a Torre de Belém,
um prédio de mais de 500 anos, à margem do Rio
Tejo, lugar de onde partiam a maioria dos navegadores, que
viajavam para o além mar, dos quais alguns chegaram à
costa brasileira em 1500. Também à margem do Tejo,
foi construído um imponente monumento, dedicado aos
navegadores, natural num país, que teve na navegação,
uma de suas mais importantes atividades. Próximo à
Torre, está o mosteiro dos Jerônimos, obra prima da
arquitetura portuguesa do século XVI, classificado como
monumento nacional e inscrito na lista de patrimônio
mundial da UNESCO. Próximo à Torre, ao
Mosteiro e ao Monumento, no mesmo bairro de Belém, existe
uma confeitaria especializada nos famosos "pastéis
de Belém" que são procurados por todos os
turistas que visitam Lisboa e, as filas para saborear estas delícias
são intermináveis. Dizem os guias que a receita
dos famosos pastéis continua secreta, apesar dos anos.
É importante citar também o Parque Eduardo
VII, importante reserva botânica, no centro da cidade e
considerada como seu pulmão. Outra atração
de Lisboa é o Oceanário, maior aquário do
mundo, que se encontra num complexo construído, às
margens do Rio Tejo, concluído em 1998, por ocasião
da comemoração dos 500 anos da descoberta do
caminho das Índias, por Vasco da Gama e para receber os
participantes da Expo-98 ou Exposição
Internacional de Lisboa cujo tema foi: "Os oceanos: um
patrimônio para o futuro". Paralelamente foram
construídas grandes obras públicas como a Ponte
Vasco da Gama, a maior da Europa à data. O complexo
recebeu o nome de Parque das Nações e hoje é
usado para diversas atividades locais e também
internacionais.
A alimentação em Lisboa é bem
diferente da nossa, especialmente da dos gaúchos. Lá
a carne de gado não aparece nos restaurantes. Consomem
carne de porco, peixe, galinha e ovelha. Não conseguimos,
nos restaurantes que frequentamos, o nosso feijão preto e
o arroz deles é um pouco diferente do nosso. Isto reforça
o fato de termos recebido muitas influências de outros
povos, na nossa alimentação. Portugal, como
diversos países da Europa, vive uma crise, típica
do sistema capitalista. Há um grande número de
desempregados e, não raro, se encontra pedintes pela rua.
O turista não chega a ser atingido pela crise, mas basta
falar com a população local, para se perceber os
efeitos da mesma. |