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Marina Lima Leal
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NATAL, ONTEM E
HOJE |
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O Natal se aproxima mais uma vez e com ele
as lembranças dos natais de minha vida, especialmente os
de minha infância. |
Quando era criança, o Natal era
comemorado de maneira muito simples, em nossa casa. Meus irmãos
e eu ganhávamos alguns brinquedos, a maioria das vezes,
bonecas para mim e minha irmã e carrinhos para meu irmão. |
A expectativa era muito grande. Não
esperávamos a meia noite e não costumávamos
fazer a tradicional ceia. O almoço especial era no dia 25
de dezembro. Na véspera, íamos cedo para a cama
porque, na manhã do dia seguinte, íamos verificar
o que havia em nossos ninhos, que eram feitos de "barba de
pau", colhida dias antes, por nós mesmos, nas árvores
de um mato natural, que havia na nossa propriedade, pois morávamos
na zona rural. |
Minha mãe fazia bonecos de massa de
pão, com olhos e bocas de grãos de feijão,
que eram assados no forno de barro e colocados entre os
presentes. Tempos antes, eram juntadas cascas de ovos, que eram
quebradas delicadamente, formando um pequeno furo por onde eram
colocados amendoins açucarados ou pequenos docinhos.
Havia ainda os biscoitos de Natal, cobertos com merengue e
enfeitados com açúcar colorido. Tudo isto criava
uma grande expectativa para a manhã do dia de Natal, que
era esperada com grande ansiedade. |
Meus pais, como quase todos daquela época,
nos "ameaçavam" com o Papai Noel dizendo que,
se tivéssemos comportamento inadequado durante o ano, não
ganharíamos presentes. Havia ainda as crianças,
que ganhavam a famosa "vara de marmelo", que
sinalizava não haverem se comportado adequadamente e que,
se persistissem no mau comportamento, a vara seria usada como
corretivo. |
O significado religioso do Natal era sempre
lembrado. A história do nascimento de Jesus, nas famílias
cristãs, era passada de pai para filho. |
Hoje o Natal, com raras exceções,
foi transformado numa data de grande apelo ao consumo. O comércio
o festeja, como a data mais importante para as vendas e, desde
muito antes já expõe, juntamente com a decoração
alusiva à data, milhares de produtos que fascinam
especialmente as crianças, levando-as a pedir a seus
pais, presentes que muitas vezes não lhes podem dar. |
Imagino o sentimento das crianças
pobres observando aquela exposição de brinquedos e
outros objetos, que jamais poderão ganhar. Para elas, o
Natal não deve ser uma data maravilhosa, como para muitos
de nós, mas uma ocasião para mostrar as grandes
diferenças que existem na sociedade e das quais são
as maiores vítimas. |
É oportuno também lembrar o
motivo da festa de Natal que é a comemoração
do nascimento Daquele que, por seus pais não terem
dinheiro nem poder, nasceu naquela noite longínqua, numa
pobre estrebaria, no meio dos animais. |
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