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Texto publicado aqui em 26/08/2013 Retornar textos da autora Retornar textos da autora
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CELULOSE RIOGRANDENSE
No último dia 08 de agosto foi lançada a pedra fundamental para a ampliação da fábrica da Celulose Riograndense, em Guaíba.
A Celulose Riograndense teve origem na Borregard dos anos de 1970, empresa que provocou a reação do movimento ambientalista, na ocasião liderado por José Lutzenberger, devido a forte emissão de gases poluentes. Acabou sendo interditada. Dez anos mais tarde foi sucedida pela Riocell, que em 2004 foi vendida para a Aracruz e, em 2009, para a CMPC - Celulose Riograndense, empresa chilena.
O lançamento da pedra fundamental teve a presença, além do governador Tarso Genro, dos ex-governadores, Germano Rigotto, que começou a negociação, continuada no governo Yeda Crusius. A crise internacional de 2008, somada a problemas internos, suspenderam o projeto, que hoje ressurge.
Autoridades e grande parte da população de Guaíba estão eufóricas comemorando os lucros que advirão da ampliação: é o maior investimento privado no Estado, cerca de 5 bilhões de reais; 7000 empregos durante a execução da obra; 1,8 milhão de toneladas anuais de celulose, quatro vezes a produção atual; aumento na arrecadação de impostos, projetando que o município ficará entre os 10 maiores PIBs do Estado.
Numa crônica de 2008, quando foi anunciada a ampliação, fizemos uma análise de suas principais consequências e agora gostaríamos de mostrar novamente, que nem tudo são ganhos: levantamentos mostram que os preços dos aluguéis duplicaram na cidade, vários sobrados são erguidos num mesmo terreno, para otimizar os espaços; parte da população já está preocupada, porque Guaíba está perdendo as características de cidade do interior; o aumento da arrecadação não será tão grande assim, porque 90% da produção será exportada, portanto isenta de ICMS.
Existe ainda, a questão ambiental. Como já dizíamos em 2008, no beneficiamento da celulose há um grande gasto de água, principalmente no processo de cozimento da madeira com soda cáustica, para separar a celulose da lignina. Após é feito o processo de branqueamento da celulose para obtenção de uma polpa branqueada, que vai ser a matéria prima de um papel branco e alvo. É justamente neste processo que ocorre o uso do dióxido de cloro, que poderá vir ser a fonte de dioxinas encontradas nas águas residuais das fábricas, altamente prejudiciais à saúde. Além da contaminação das águas próximas à fábrica, há também o problema da emissão de gases e do aumento da poluição atmosférica.
A ampliação da Celulose Riograndense, mesmo que sejam tomados todos os cuidados em relação à questão ambiental, ainda continua provocando apreensão dos ambientalistas, como Paulo Brack, biólogo e professor da UFRGS que afirma: "mesmo sendo uma empresa a explorar os eucaliptos, o porte que terá, vai exigir um grande aporte de plantas, prejudicando o bioma local". (ZH, 08/08/2013).
Como 90% da produção será exportada, podemos afirmar que, o Brasil ficará com as consequências nefastas da poluição, enquanto os países importadores receberão a celulose, já branqueada, sem precisar emporcalhar a sua água nem prejudicar a saúde de sua população.
Quando um Estado faz um investimento, alem da questão econômica, é preciso levar em consideração, a questão social e a ambiental, caso contrário, não haverá razão para se comemorar.
 
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