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Marina Lima Leal
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CELULOSE
RIOGRANDENSE |
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No último dia 08 de agosto foi lançada
a pedra fundamental para a ampliação da fábrica
da Celulose Riograndense, em Guaíba. |
A Celulose Riograndense teve origem na
Borregard dos anos de 1970, empresa que provocou a reação
do movimento ambientalista, na ocasião liderado por José
Lutzenberger, devido a forte emissão de gases poluentes.
Acabou sendo interditada. Dez anos mais tarde foi sucedida pela
Riocell, que em 2004 foi vendida para a Aracruz e, em 2009, para
a CMPC - Celulose Riograndense, empresa chilena. |
O lançamento da pedra fundamental
teve a presença, além do governador Tarso Genro,
dos ex-governadores, Germano Rigotto, que começou a
negociação, continuada no governo Yeda Crusius. A
crise internacional de 2008, somada a problemas internos,
suspenderam o projeto, que hoje ressurge. |
Autoridades e grande parte da população
de Guaíba estão eufóricas comemorando os
lucros que advirão da ampliação: é o
maior investimento privado no Estado, cerca de 5 bilhões
de reais; 7000 empregos durante a execução da
obra; 1,8 milhão de toneladas anuais de celulose, quatro
vezes a produção atual; aumento na arrecadação
de impostos, projetando que o município ficará
entre os 10 maiores PIBs do Estado. |
Numa crônica de 2008, quando foi
anunciada a ampliação, fizemos uma análise
de suas principais consequências e agora gostaríamos
de mostrar novamente, que nem tudo são ganhos:
levantamentos mostram que os preços dos aluguéis
duplicaram na cidade, vários sobrados são erguidos
num mesmo terreno, para otimizar os espaços; parte da
população já está preocupada, porque
Guaíba está perdendo as características de
cidade do interior; o aumento da arrecadação não
será tão grande assim, porque 90% da produção
será exportada, portanto isenta de ICMS. |
Existe ainda, a questão ambiental.
Como já dizíamos em 2008, no beneficiamento da
celulose há um grande gasto de água,
principalmente no processo de cozimento da madeira com soda cáustica,
para separar a celulose da lignina. Após é feito o
processo de branqueamento da celulose para obtenção
de uma polpa branqueada, que vai ser a matéria prima de
um papel branco e alvo. É justamente neste processo que
ocorre o uso do dióxido de cloro, que poderá vir
ser a fonte de dioxinas encontradas nas águas residuais
das fábricas, altamente prejudiciais à saúde.
Além da contaminação das águas próximas
à fábrica, há também o problema da
emissão de gases e do aumento da poluição
atmosférica. |
A ampliação da Celulose
Riograndense, mesmo que sejam tomados todos os cuidados em relação
à questão ambiental, ainda continua provocando
apreensão dos ambientalistas, como Paulo Brack, biólogo
e professor da UFRGS que afirma: "mesmo sendo uma empresa a
explorar os eucaliptos, o porte que terá, vai exigir um
grande aporte de plantas, prejudicando o bioma local". (ZH,
08/08/2013). |
Como 90% da produção será
exportada, podemos afirmar que, o Brasil ficará com as
consequências nefastas da poluição, enquanto
os países importadores receberão a celulose, já
branqueada, sem precisar emporcalhar a sua água nem
prejudicar a saúde de sua população. |
Quando um Estado faz um investimento, alem
da questão econômica, é preciso levar em
consideração, a questão social e a
ambiental, caso contrário, não haverá razão
para se comemorar. |
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