Marina Lima Leal |
Texto publicado no sítio da ACE em 18/06/2012 |
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RIO + 20 |
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A Conferência das Nações Unidas
sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20) será
realizada de 13 a 22 de junho, deste ano, no Rio de Janeiro, portanto,
20 anos após a Rio-92. |
O que esperar da Rio + 20? |
O Programa das Nações Unidas para o
meio ambiente (Pnuma) divulgou a conclusão do relatório
Panorama Ambiental Global, o GEO-5, cujo conteúdo é
preocupante, quando conclui, que apenas 4, das 90 metas ambientais
definidas nos últimos 40 anos, apresentaram avanços
significativos. As demais não apresentaram progressos
importantes. |
Segundo o Pnuma os avanços aconteceram na
erradicação do uso de substâncias nocivas à
camada de ozônio, na eliminação do uso de chumbo em
combustíveis, na ampliação do acesso a fontes de água
potável e no aumento das pesquisas sobre a poluição
dos mares. |
Jean Pierre Leroy, autor de "Territórios
do Futuro. Educação para o meio ambiente e ação
coletiva", em artigo escrito recentemente, tem uma posição
bastante cautelosa quanto aos resultados que poderão advir da
Conferência. Escreve ele: |
"... Gravíssimos problemas ambientais
se avolumam e ameaçam grandes áreas e setores da
humanidade de colapso num horizonte de tempo bastante curto. Não é
só o clima que está em jogo, mas a biodiversidade, as águas
doces, os desertos, os solos, a alimentação, a moradia,
etc., combinados numa dinâmica perversa em que múltiplas
crises setoriais alimentam umas a outras e geram uma única crise
de proporções ainda insuspeitas. Soma-se o aprofundamento
e uma nova face da desigualdade, pois nem todos estão e estarão
afetados por igual, pela crise ambiental e pelo modo como o crescimento
impacta territórios e comunidades. A percepção das
ameaças e das tragédias em curso não foi ainda
suficiente para criar um senso de urgência tão premente que
provoque discussões e decisões efetivas sobre as questões
de fundo." |
A ausência deste senso de urgência, nos
parece ser uma importante razão pela qual, as decisões
tomadas nestes fóruns, não são levadas tão a
sério como deveriam. |
Entre os numerosos eventos previstos, para
ocorrerem durante a Rio+20, destaca-se a "Cúpula dos povos
por justiça ambiental e social. Contra a mercantilização
da vida e em defesa dos bens comuns", contrapeso radical à
Conferência Oficial e à pretensão desta economia,
mesmo que revestida de verde, ser a salvadora do planeta. |
É certo que a Conferência é um
momento para os governantes e empresários pensarem sobre sua
responsabilidade com a conservação da saúde do
planeta O governo brasileiro está promovendo, logo antes da
Conferência, um evento chamado "Diálogos para o
Desenvolvimento Sustentável" que vai juntar pessoas dos
diferentes setores da sociedade, do empresariado, da academia e de órgãos
públicos. Por considerar que não há abertura ao diálogo,
os organizadores da Cúpula dos povos recusaram o convite para
participar. |
A presidente Dilma Roussef, anunciou também,
a assinatura do programa Brasil Agro Ecológico, que deve ocorrer
durante a Rio + 20. Entre as metas deste programa, estão a ampliação,
até 2014, de 2% para 15% de produtos orgânicos comprados
pelo governo e o investimento de R$ 300 milhões para assistência
técnica e extensão rural às 200 famílias
ligadas à agro ecologia. |
As Conferências, até aqui, como é
sabido, não tem apresentado avanços significativos, porém,
existe um fato novo que pode contribuir para uma nova postura: o
crescimento da consciência da população, que tem se
manifestado em diversos episódios, como na recente votação
do novo Código Florestal pela Câmara dos Deputados. A
mobilização da sociedade e o desenvolvimento da consciência
ecológica, que deverá ser estimulada, especialmente nas
crianças e nos jovens, são fundamentais para que as boas
intenções, acordadas na Rio + 20 sejam realmente colocadas
em prática, pelos diversos países que dela participam. |